um-ponto-de-fuga-banner

segunda-feira, 25 de abril de 2005

Bolonha

Arquitectos à Bolonhesa

Vejam o documento produzido pelo grupo coordenado por Domingos Tavares sobre a aplicação do processo de Bolonha ao ensino da arquitectura em Portugal.

A introdução é politicamente correcta: queremos o Arquitecto pleno de capacidades de síntese e de saber integrado, pleno de responsabilidade social, e queremos formações comparáveis em toda a Europa, e queremos mobilidade dos estudantes, e queremos uma Europa competitiva… depois lá vem que o Arquitecto deve ter conhecimentos em desenho, ciências sociais e ciências da construção.

Até aqui tudo bem, mas depois começa a baralhar arquitecto com arquitecto paisagista e com urbanista (há quanto tempo as três profissões divergiram?). E de súbito, a conclusão: os cursos de arquitectura têm que ter um primeiro ciclo de 5 anos lectivos, ponto final.

Colega Domingo Tavares e colaboradores, os senhores não leram a Carta de Bolonha toda (nem os posteriores desenvolvimentos, já mais concretos). Um dos seus objectivos é que haja empregabilidade ao fim de um primeiro ciclo de 3 ou de 4 anos. Não se diz que tem de se ficar licenciado no fim do primeiro ciclo, mas sim graduado e apto para o mercado de trabalho.

Dá trabalho repensar o ensino da arquitectura, pois dá. Era preciso uma maior ligação à sociedade, melhor educação da população, pois era. É difícil mexer no que já está feito, pois é. Põe em causa as cadeiras (e os bancos) de muito Doutor em Arquitectura, pois põe. Por isso é que em Portugal os estudantes vão continuar a estudar durante 6 ou 7 anos, contando com o estágio da Ordem, para depois não terem trabalho. E isto se não desistirem a meio, ficando sem qualquer qualificação.


Extraído do arquichatos