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quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Dizem que este senhor inspirou o Nazismo(?)

Escondia o sorriso atrás de uma bigodaça, aos 25 anos lecionava Filologia Clássica (Estudo dos escritos clássicos) na Universidade de Basileia, bradava abundantemente o seu ódio pelo Cristianismo/Budismo, escreveu um conjunto de livros por cá ignotos/proibidos durante o Salazarismo, inspira as massas adolescentes para o anarquismo subjacente a vida. Não era Anti-Semita e muito menos padecia de Misoginia.
Há duas espécies de génio: um que, antes de mais, fecunda e quer fecundar outros, e outro que prefere ser fecundado e parir. E da mesma maneira há entre os povos geniais aqueles a quem coube o problema feminino da gravidez e a missão secreta de formar, amadurecer e aperfeiçoar - os gregos, por exemplo, foram um povo desta espécie, assim como os franceses - ; e outros que têm de fecundar e ser a causa de novas ordens de vida, - como os judeus, os romanos e talvez, perguntando-se com toda a modéstia, os alemães? - povos atormentados e extasiados com febres desconhecidas e irresistivelmente impelidos para fora de si próprios, apaixonados e ávidos de raças estranhas (aqueles que se «deixam fecundar» -) e, com tudo isso, ávidos de domínio, como tudo o que se sabe cheio de força geradora e, por conseguinte, escolhido «pela graça de Deus». Estas duas espécies procuram-se como o homem e a mulher; mas também se dão mal mutuamente, - como o homem e a mulher.
Friedrich Nietzsche, in Para Além de Bem e Mal

terça-feira, 30 de agosto de 2005

Goldfrapp Debutante VS Supernature


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Goldfrapp, Felt Mountain, Human, 2000

É sem dúvida extemporâneo falar do primeiro álbum de Goldfrapp (Felt Mountain), por substituição do mais recente Supernature, portanto para que a coisa não seja descabida, digamos que não vale a pena ouvir Supernature, com pretensões de almejar a Genialidade, esta vertente electroclash (dizem por ai!), abordada nestes últimos passeios, é mais um chavão do que qualquer agoiro de novidade, o álbum é chato, pouco agressivo e tout court simplório.
A degeneração vem sendo acumulada desde o excelente FeltMountain (um dos melhores álbuns de 2000), onde o primeiro álbum respirava DownTempo com sentido de evolução, este último é uma coisa pop/dançável que simplesmente não convida à descoberta.
O FeltMountain é um cocktail de sonoridades de Cabaret, com caixas de ritmos e sintetizadores a temperarem de modernidade, não se trata de colagens/pós-modernices, é antes fusão sem preterir a origem.
Ainda em relação ao Supernature, ressalva-se o facto de a Sr. Alisson Goldfrapp continuar boa como sempre e não me refiro apenas à voz, como atributo.

Download do Human.mp4 com 96Kb´s de qualidade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Este era o Gaspar!

O gato da minha avó, é o somatório das influências do meio ambiente onde cresceu, acostumado a privar com netos que passavam horas a jogar Postal, Quake ll, Doom 3 e outras relíquias de marca Gore (Tudo num PC, porque há a desculpa de ser um instrumento de trabalho), já para não falar na Filmografia pelo qual foi compelido a se interessar, estes fatores atestam uma verdade do Existencialismo Ateu de Sartre, a existência precede a essência, nada é definível ante a existência, por extensão, o mesmo se passará com os felinos.
Não há Role Models para gatos, e nesta falta nos desempenhamos o papel, nos limites do possível. Temos que mudar o nome ao Gato, tal como assumimos a cabal culpa pelo seu temperamento.

Imagem daqui.
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quarta-feira, 17 de agosto de 2005

Parents Support

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Porque hoje em dia é impossível ser Arquitcto com menos de 23 anos, na aceção de independência financeira que a profissão deve ter, este Cartoon Humorístico tem todo o sentido, jovens Arquitetos no desemprego e mudanças de "vocação" dão-se por todo o lado no mundo da Arquitectura. Não se compreende, como pode uma profissão tão desejada se tornar um fardo? Bem, há umas razões; a Arquitetura é uma profissão da vida, o profissional liberal por excelência, um polivalente, um especialista em nada, já que tem que saber um pouco de muita coisa, e este pouco é calejado na vida, nos contactos por este Portugal profundo, nas tentativas de injetar Projetos no atelier, e entre pontapés, algumas amizades e muitas inimizades, vamos realmente aprendendo umas coisas, porque metade do gozo está realmente aí, esta coisa de ter um salário regular a fazer projetos em Cad, realmente, é para muitos, mas nunca o desejei para mim, nem o pratico, prefiro ser um "menino" da Vida.

terça-feira, 16 de agosto de 2005

RAN

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Akira Kurosawa é uma personagem singular no Cinema Oriental, porque a sua obra, com óbvia focagem no oriente, principalmente pelo uso de atores nipónicos, não pretere o sentido de interpretação objetivo, que as Obras-Primas possuem, o seu valor nunca é espartilhado por convenções, costumes e leituras limitadas ao País de origem e aí reside o verdadeiro sucesso de RAN, uma Obra Oriental, datada de 1985, cuja História é Ocidental (Rei Lear de Shakespeare). Este filme não e um "Herói", ou um "House of The Flying Daggers", muito bons, mas de difícil aproximação por um ocidental, principalmente pelos pequenos pormenores de Mitologia Oriental e propensão para a Fantasia, é antes a transposição (palimpsesto cinematográfico?) de uma História, para um espaço Oriental, conferindo o mesmo desfecho em torno do drama da Vingança, no seio de uma família até à pouco una.
O Rei Lear aqui, é um Samurai Mor detentor de largas conquistas, custeada por muitas mortes e Reinos debelados, as filhas do Rei Lear, aqui são três filhos, dois de digna obediência resultante do cego desejo de ocupar o cargo do pai, o mais novo, rebelde e antecipando a hipócrita obediência dos irmãos mais velhos, pretere este desejo e recusa as posses administrativas que o Pai confere aos filhos, temendo que o poder corrompa as ligações familiares; o Pai, vê nesta recusa uma afronta e condena ao degredo o filho mais novo.
O cerne do filme roda em torno do controlo dos reinos, "Herdados" de um pai Vivo, mas há uma presença conjugada no feminino, avessa à moral que realmente coloca em segundo plano toda a luta pelos reinos, a mulher do filho mais Velho, tem a interpretação mais sublime, que descreve em passos largos que a mulher, é muito mais cruel do que qualquer homem, e vê-la cândida a passear de forma muda pelos aposentos, como se voasse assessorada pelas suas saias, e depois, usando uma mascara chorosa perante um Homem, tentando suscitar a sua pena e obediência, enquanto de forma recôndita esmaga uma barata para seu belo prazer e recriação, arte da simulação e objetivo pretendido, é esta denúncia da nossa amoralidade que RAN coloca a descoberto, o Mundo visto por dentro e tudo o que se esbate, pode ir até à desagregação de uma família.
Poderia referir também as cenas de batalha autênticas na medida em que não foram usados efeitos digitais, os cenários desérticos e de beleza indescritível, a maneira como som, fundo e voz se fundo com sentido de pertença, a expressão facial do Pai destroçado pelas filhos e o reencontro com os seus fantasmas de guerra, mas tudo isto seria parcelar uma coisa que só funciona no seu conjunto, e como todo o bom filme, RAN não poderá ter um final feliz e citando uma passagem do dito:
"O Homem nasce a Chorar, Quando Morre, apenas morre."
Akira Kurosawa prova que o final da vida, não é sinónimo de estagnação criativa, e quando se lê várias críticas, a apontar este filme como um dos melhores 10 de sempre, não podemos deixar de ignorar um filme que tem 20 anos simplesmente não o vendo, eu não o fiz.
"Uma série de acontecimentos Humanos Vistos dos Céus"
Akira Kurosawa

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

A Crítica

Os espíritos altamente analíticos vêem quase que só defeitos: quanto mais forte a lente mais imperfeita se mostra a coisa observada. O detalhe é sempre mau.
Fernado Pessoa, visto neste blog.
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domingo, 7 de agosto de 2005

Fotografia?

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Neste momento, questionam a validade dum post de fotografia, que versa uma foto com composição banal e de interesse menor, o relevo deste post, está numa mentira:

1º Não é uma foto.
2º É um Render dum Arquiteto de 28 anos francês, de excecional qualidade na renderização de cenas.
3º Não existia enquanto espaço, na altura em que foi elaborado.
4º É Indistinto de uma fotografia.

Com muita paciência e apego ao detalhe o 3DS Max consegue ser excelente.
Elaborado com 3DS Max, Plugin V-Ray e Photoshop.

Entrevista ao Autor.

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Édipo

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Rei Sófacles, Filho e Esposa
complexo de édipo —: inclinação erótica de uma criança pelo progenitor do sexo oposto, recalcada em resultado da relação ambivalente com o progenitor do mesmo sexo, amado e odiado em simultâneo;
O resumo mental que possuímos da tragédia de Édipo, descreve a morte de um pai e posteriormente a possessão da mãe, em sequência, Parricídio e Incesto.
Para Freud, a tragédia que associa ao complexo, aplica-se essencialmente a um conflito afetivo profundo, ligado a determinada situação, que nenhum ser humano pode deixar de viver, na medida em que é de capital importância para a sua futura personalidade.
Da lenda de Édipo, Freud filtra e retira dois elementos, Incesto e Parricídio. A fim de compreender o papel central na formação da personalidade, há que situá-lo na evolução da sexualidade Infantil, como uma possível origem das neuroses.
A inocência não caracteriza a infância, o prazer irredutível da pulsão sexual, no sentido lato em relação a um dos Progenitores é um ritual. Primeiramente, auto-erótico, a pulsão satisfeita no seu próprio corpo, em segundo, a sexualidade genital, virada para um objeto de amor. A criança começa então a desejar a mãe e por sinal a odiar o pai, vendo nele o rival que bloqueia o caminho do seu desejo. O momento Edipiano terá que ser ultrapassado, para ambos os sexos; para o rapaz a castração é um castigo, por esta ameaça ele é conduzido a renunciar este desejo incestuoso e a identificar-se com o Pai; para a rapariga, a castração é um facto consumado, através de um lento deslize simbólico ela substitui o desejo de ter um pénis pelo desejo de ter um filho.
Qualquer ser humano vê imporem-lhe a tarefa de dominar o complexo de Édipo; se falha nesta tarefa, será um neurótico...
Freud, Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, 1905

Quem ainda atribui Universalidade, as Teorias de Freud, ligada as civilizações clássicas, não pode deixar de notar, que não são apenas os "nomes" que são retirados de um contexto diferente.

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

A Minha Costela de Sebastião

Isto vem tudo a propósito dos séquitos da minha terra:

Desde a mais tenra idade, que sofri as influências de uma educação católica indireta, tanto por via dum suposto Deus, ao qual todos prestavam uma reverência inexplicável, tanto através de uma doutrina geracional que se mantinha incontestável na zona. A coisa era mantida por uma igreja nas imediações e por veraneantes manifestações de fé, vulgo procissões, este monumentos divinos, obrigavam as beatas e afins a expiação semanal. A minhas primeiras dúvidas em relação a inabalável fé, foram dadas por colegas meus, enquanto eu disciplinadamente me sentava nos bancos da catequese, eles com recorrência, metiam as mãos atrás das costas e tateavam um manguito na minha direção, teria dito... sacrilégio... não tivesse um incipiente léxico na altura.
A coisa complica-se na minha primeira confissão, eu domesticado diante do padre, com a ideia de que só se confessam aqueles que cometem pecados, abusei da imaginação, para me safar da coisa com ar pecaminoso e humano, porque fora os actos mosturbatórios e as primeiras coisas com pilinhas e meninas a mistura, nada me parecia nefasto, portanto, não dei ar de ignoto sexual e disse a total perfídia ao bacano da túnica. Rezei por várias horas, na mesma medida em que me dispunha a expiar os supostos pecados. Tinha sido uma espécie de bengalada divina, um acerto com a moral Crista. Anos passaram, e eu, marcado pelo funesto acontecimento, tornei-me demasiado acanhado em relação ao sexo oposto, um inconfortável tímido... soçobrava perante elas, ficava como os Futebolistas nas grandes ocasiões, nervos, suores frios e um avermelhar do semblante minavam a porra da confiança toda. Temia outra bengalada divina, com desprazer portanto, espartilhava a minha febril imaginação adolescente e evitava os cruzamentos ocasionais com as donzelas.
Por esta altura, o despertar da leitura levou-me a conhecer um conjunto de indivíduos cuja obras aprecio muito; Rousseau, Nietzsche, Marx, Freud, Sartre, por esta ordem, perdi a reverência e respeito por altares e relicários, um pensamento licencioso, apto a liberdade invadiu-me. Não obstante, a citada timidez perante o sexo oposto, permaneceu alojada e neurótica.
Dizia-se, pelas ruas e pelas tabernas da capital, que o rei, alto e forte como estava, corava como uma papoila quando via uma mulher e que, tirando as monjas da Anunciada e de Xabregas, se recusava praticamente a falar com elas.(...) O Povo crítica mais depressa, no plano do amor, um tímido que um desordeiro.
O rei, neste campo, era de uma excepcional reserva e só abordava as mulheres com uma delicadeza e descrição que parecia mais de santo ou de criança, que de homem em idade adolescente. (...) A impressão que a carne feminina lhe fazia era-lhe quase uma agonia e é possível que este pudor que ele sentia e mostrava fosse muitas vezes um dos sinais mais belos do amor.
FRANCO; António; VIDA DE SEBASTIÃO, Rei De Portugal, Publicações Europa América
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